Imprensa

Releases
10/09/2019

Trabalhador informal está mais exposto à acidentes com serra e uso inadequado aumenta riscos

Estatísticas divulgadas pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), mostraram que o percentual de trabalhadores informais na população ocupada chegou a 41,3%, patamar recorde da série histórica da pesquisa, iniciada em 2012. E nessa modalidade de trabalho, os acidentes ocorridos com serra elétrica lideram o ranking das causas de lesões apresentadas em estudo do Instituto de Ortopedia e Traumatologia do HC (Hospital das Clínicas) de São Paulo, representando 41% do total de casos registrados. O uso inadequado é um dos principais fatores e a SBCM (Sociedade Brasileira de Cirurgia da Mão) lançou a campanha “Dê um corte na dor” para reforçar o cuidado ao se utilizar a ferramenta.
 
“Os dados mostram que o trabalhador informal está mais vulnerável à acidentes com serra, uma vez que muitos deles manuseiam o equipamento de maneira equivocada, além de desenvolverem suas atividades sem os equipamentos básicos para proteção”, fala o presidente da SBCM, Marcelo Rosa de Rezende. Pedreiros e marceneiros são as profissões mais expostas (somam 49% dos atendimentos).
 
O estudo envolveu 54 pacientes vítimas de ferimento por serra elétrica, sendo 100% deles do sexo masculino. Os dados revelam que a maioria – 71% – tem entre 28 e 57 anos, faixa etária produtiva.
 
Em 90% dos acidentes com serras, um ou mais dedos da mão são amputados. A amputação do dedo polegar é a mais frequente, de acordo com o estudo do HC. “Esse tipo de trauma é considerado um dos mais graves, pois o paciente perde o movimento de pinça que permite segurar objetos com mais precisão. Com isso, as vítimas passam a depender de auxílio de terceiros para as atividades diárias”, explica o Dr. Marcelo.
 
Já estudo desenvolvido na disciplina de Cirurgia da Mão e Membro Superior, da Escola Paulista de Medicina da UNIFESP (Universidade Federal de São Paulo), incluindo 1.074 pacientes, evidenciou que 22% dos ferimentos nos membros superiores foram causados por máquinas de corte, sendo a segunda causa mais frequente de ferimentos penetrantes, perdendo apenas para os ferimentos por vidro.
 
A pesquisa foi publicada na Revista Brasileira de Ortopedia.
 
 
Lesões por tipo de serra
 
Outro estudo sobre o tema, também realizado na disciplina de Cirurgia da Mão e Membro Superior da Escola Paulista de Medicina, da UNIFESP, avaliou 104 pacientes e apontou que as lesões por máquinas de corte manuais são maioria, representando 81,7% dos casos, enquanto 18,3% estão relacionadas a serras estacionárias. Dentre as máquinas manuais, a maior parte dos ferimentos foi ocasionada pela serra-mármore (68,2%), seguido pelo esmeril (16,5%), serra circular (10,6%), serra-copo (2,3%), plaina (1,2%) e roçadeira (1,2%).
 
Intitulada “Ferimentos por serra circular nos membros superiores: o uso inadequado da serra-mármore”, a pesquisa foi premiada no Congresso Brasileiro de Cirurgia da Mão, que ocorreu em agosto, na cidade de Gramado (RS). O estudo foi publicado em inglês na revista Clinics, voltada para médicos e pesquisadores das ciências médicas.
 
A serra-mármore, líder nos acidentes, foi projetada para cortes de pedras em geral, concretos, alvenarias, materiais vítreos e revestimentos cerâmicos. Porém, dos 58 casos relacionados ao uso dessa ferramenta, em 86,2% os acidentes resultaram da operação de corte de objeto de madeira, com a utilização de disco de corte adaptado inadequadamente ao equipamento.
 
O mecanismo mais comum que originou o acidente foi o recuo (47,11%), fenômeno que ocorre quando a ferramenta eleva o material de corte através de travamento súbito com deslocamento em direção ao operador. “A serra-mármore é uma ferramenta muito popular em ambientes de trabalho e domiciliar, por sua alta disponibilidade, baixo custo, facilidade na operação e portabilidade”, diz o responsável pelo estudo, Dr. Rodrigo Guerra Sabongi.
 
O especialista pontua algumas ações simples de prevenção, que podem ser adotadas. “Tornar a serra-mármore incompatível com o disco dentado de madeira, alterando o padrão de encaixe do soquete seria uma medida importante. Outros pontos que poderiam ser implementados são a sinalização evidente, na caixa do equipamento, do risco de aplicação para cortes de madeira; a orientação e treinamento dos revendedores e lojas de ferramentas, assim como a aplicação de infrações a empregadores que autorizarem o uso indevido da ferramenta.”
 
 

 

Voltar